Coexistência: um significado para a liderança




Acredito que tudo está interligado em sua essência e que a separatividade é apenas aparência do mundo fenomênico tridimensional. Na tela do tempo e espaço o infinito torna-se finito. Este conhecimento é libertador, e pode nos levar a curas profundas em nosso SER e na forma como lidamos com o outro. Aprender a coexistir, é o caminho da libertação das amarras e formas pensamentos que nos levam a ilusão de acreditar na separatividade e de que a nossa verdade é a única. Nisto consiste a mensagem do grande Mestre: "Amar o próximo como a si mesmo". Isso há muito deixou de ser idealismo místico para ser a premissa básica que preservação da nossa espécie.  Pacificação. Na paz se fica são.

Os ensinamentos da física quântica e da neurolinguistica nos levam a entender que somos parte de uma grande teia global e que tudo está conectado.

Refletindo um pouco mais...

Uma visão mecanicista e dualista como característica aparente e explicativa do mundo fenomênico, até pela ciência ocidental vem sendo superada, pois o novo paradigma consiste em recuperar a visão do todo e a forma como se deve lidar com a realidade, já que as ciências sociais e naturais sozinhas há muito não dão conta de explicá-la fazendo-se necessária a criação de novos paradigmas para que possam complementar suas premissas. Uma prova disso é a profusão de títulos à venda como "Inteligência Espiritual", "Inteligência Emocional" e "Espiritualidade corporativa", "O Segredo", "Quem somos nós" num movimento cuja tendência é conectar o homem a sua essência espiritual.

O sucesso dessas publicações está no fato de o ser humano na sua busca refletir sobre o que é estar no mundo e procurar dar sentido a vida. Uma vida com sentido é uma vida com propósito. Sobre isso não faltam publicações para criar uma vida com propósito mas quero falar um pouco de coexistência. Não no contexto político e sócio-cultural onde nasceu o sentido do termo. Mas a coexistência como atributo de liderança. Como postura. 

Coexistência é o princípio daqueles que buscam conviver pacificamente com opostos e diferenças. Considero que as pessoas que entendem esse princípio são fortes agentes harmonizadores por onde andam seja no local de trabalho, em casa, entre os amigos, na igreja, na comunidade. Dificilmente fazem inimigos preferindo a diplomacia. Coexistência passa a ser uma postura onde se respeita a si mesmo e seus valores sem rebaixar ou confrontar os valores do outro. A coexistência como princípio engloba a capacidade de estabelecer empatia que é uma característica daqueles que sabem se colocar no lugar do outro.  Antes de julgar e criticar, os coexistentes procuram compreender. As pessoas coexistentes conseguem manter relações de amizade até entre pessoas que se antagonizam. Muitas vezes até promovendo a harmonia ou pelo menos o respeito entre elas. A diplomacia é uma forte característica de quem sabe coexistir.

Outro ponto forte da coexistência como princípio é a preocupação com o todo. Como é preciso ter visão ampla para enxergar o todo, a coexistência não esquece o interesse das partes.  Trata-se de um senso de sabedoria que exige muita generosidade. Paciência e tolerância também são atributos importantes da prática da coexistência.

Se o indivíduo adota como postura promover a coexistência em si mesmo e no seu ambiente, saberá aplicar valores universais como ética, paz e respeito às diferenças para criar a realidade que deseja em seu ambiente de trabalho, em casa, na comunidade. É um ato de doar-se para entender de forma generosa o que o outro está pensando e como pensa e assim comunicar-se com ele de forma satisfatória. Um desafio.  O líder que sabe coexistir posiciona-se de forma que ao estabelecer seus propósitos todos se sintam beneficiados de alguma forma. Assim sendo coexistência também exige boa comunicação e expressão pois exige clareza e transparência na transmissão dos objetivos. Coexistir é o ato de auto-aprimorar-se para satisfazer não só aos seus desejos e ambições mas em como isso impacta no todo e também como o todo pode beneficiar-se do que ele está propondo.

Para ser coexistente o líder que não possui habilidades inatas de comunicação precisa adquiri-las através de ferramentas que o ajudem a expressar corretamente seus propósitos. A boa comunicação exige a compreensão de como funciona  a mente humana e seus mecanismos de aprendizagem e assimilação. Muitos conflitos existem por falta de uma boa comunicação o que impede que as pessoas passem a coexistir pacificamente. Isso nos remete ao início do texto sobre separatividade. Quantos desentendimentos ocorreram porque as partes defendiam os mesmos interesses utilizando argumentos diferentes! Por não conseguirem abrir mão de seus argumentos não conseguem enxergar que estavam defendendo a mesma coisa. Mas o cerne da questão não está em "abrir mão", mas numa atitude mental importante na comunicação:  entrar em empatia. E isso nos remete ao que já foi resumidamente dito aqui.

Assim sendo não basta fazer bons cursos de comunicação para seduzir públicos de seu interesse mas entender a coexistência como princípio da dinâmica de mundo e assim internalizar e praticar valores universais que o impulsionem a atuar como um verdadeiro agente de mudança.

Patricia Munick.
Comunicadora Social, Professora e Personal Coach

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